Editorial - Vivemos, aparentemente, um momento de pleno emprego no país. Os indicadores econômicos sugerem estabilidade, o Produto Interno Bruto dá sinais de crescimento e, ainda assim, empresários enfrentam um desafio inusitado: a ausência de candidatos para ocupar vagas abertas. O fenômeno é tão intrigante quanto revelador — o problema já não é a falta de postos de trabalho, mas a falta de adesão ao modelo tradicional de trabalho.
Nos últimos anos, tornou-se comum ver empresas anunciando oportunidades por diferentes canais — cartazes, redes sociais, balcões públicos de emprego — e, mesmo assim, não conseguem atrair interessados. Um contraste gritante com o passado recente, em que qualquer anúncio de contratação gerava filas de pessoas, currículos em mãos e esperança nos olhos.
A situação atual expõe uma mudança cultural profunda. Cresce o número de pessoas que rejeita a lógica da jornada fixa, da obediência hierárquica, da presença obrigatória em um ambiente muitas vezes sem significados. A valorização do tempo livre, da saúde mental e da autonomia ganha força. Muitos preferem viver com menos a se submeterem a uma rotina que não faz mais sentido.
Essa nova postura configura uma espécie de “greve invisível”. Não há faixas ou megafones, tampouco sindicatos organizando paralisações. Há uma recusa silenciosa, dispersa, mas extremamente eficaz. Uma greve que não se anuncia, apenas acontece — nas estatísticas, nas entrevistas marcadas e não comparecidas, nas vagas que permanecem abertas por semanas.
O resultado é um nó no sistema. Negócios perdem oportunidades, contratos não são fechados, a produção diminui. O capital, acostumado a encontrar sempre força de trabalho à disposição, depara-se com um impasse: o trabalhador está dizendo "não". E não há como forçá-lo a voltar.
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